2010-06-20

solitária espera


Não estás comigo.
E as dores noturnas que me assombram
São as da solidão e da saudade.

Eis que te amo
deste jeito intenso
e solitário e triste...
Simples assim.

São Paulo 25 de maio de 2010

2008-07-29

Retrato


( imagem - óleo s/tela, da portuguesa, Nela Vicente)

Sobrou-me este sorriso esboçado a meio tom.
Vozes espalhadas pelos cantos das ruas
E encurraladas nas esquinas do tempo.

Sobrou-me esta beleza pálida,
Tímida,
entremeada de velhice e solidão.

Alguns versos apenas esboçados,
Encontram-se abandonados nas gavetas
Entulhadas de velhas recordações.

Muitos olhares perdidos
Ainda cristalizados na memória,
E alguns gestos doces de amigos envelhecidos.
Pensamentos e desejos que escondo a mil grilhões,
Para que não descubram que ainda sonho
Com a mesma força e o mesmo desejo da adolescente tola
Que recusou dar a sua alma,
Às algemas do tempo.

E isto me custa.
Custa o preço de ser ridícula.
De não ser entendida e estar eternamente só.
Custa o preço de não aceitar o peso do tempo,
Como um carrasco que me possa impedir de sonhar.

Mas custa-me também o preço de sonhar em silêncio.
De acovardar-me e não ousar,
Pois nasci velha e asfixiada pelos medos que me meteram goela adentro.

19/07/2008

2008-06-24

O que faz um poema ser poema?

É ter na receita do verso
a alma do poeta.
É ser verbo
certeza
e mentira.
É ser poesia, poesia e poesia.
É ser parábola
ser prosa
ser verso,
é ser silêncio
e ser multidão.
É ser balada
e solidão,
é ser folia e ser folião.
Ser quinta santa
ser quarta de cinzas,
ser sacrilégio
ser fé
ser poesia
e sexta da paixão

-Maria Eugênia-13 de janeiro de 2006

2008-02-08

Abismo



Quando ouvi tua voz
E meus olhos entraram nos teus,
Foi como sentir que Deus
se havia lembrado
Que vivo escrevendo aos céus,
Pedindo um amor só meu.

Quando o vi na estação,
Senti que meu coração
Por fim...
Havia se abrigado.

Achei que a tua poesia,
Casava com os versos meus.
Que tuas mãos eram pares das minhas
E nossos pés seguiriam a mesma trilha,
E nossos sonhos dormiriam juntos;
No mesmo ninho.

Mas fiquei com as mãos estendidas
E os pés, sem destino...

Maria Eugênia
SP.04/02/2008

2008-01-28

Falta-me amor

Tenho o olhar triste
e o coração mareado.
Não por não teres me amado...
Não por seres tu
Aquele que não me amou.
Estou triste,
por não ter sido eu,
mais uma vez...
capaz de fazer-me amada.
SP.27/01/2008
Maria Eugênia

2007-11-24

MAR


Vou de amar...
Nas águas inconsistentes
dos amores e amantes,
Nas doces ondas do mar.

Venho de mar,
De um sonho muito distante
Trazido nas vagas de longe
Salgadas do meu amar.

Atraco vago,
Sem porto, sem chegada e partida
Cheio de mar, amor
E despedida...
SP.24/11/2007 – Maria Eugênia

2007-11-20

...

Talvez hoje eu te ame.
Tua pele quente me arranhe
Tua pesada mão domine,
Teus dedos longos me assanhem

Talvez hoje eu te seja
E quem sabe me sejas também
Num ser de quem tem
E possui,
E de quem deseja e tem.

Talvez eu te lambuze de amor
Talvez te inunde em sabor
Talvez...
Simplesmente talvez.

S. Paulo, 20 de novembro de 2007-11-18 Maria Eugênia